Apocalipse – Ficção ou Profecia

Este é um livro estranho sobre um livro estranho. Por quê?
A resposta a essa conclusão decorre, primeiro, do fato destes comentários não
terem sido planejados. Nunca passou por minha cabeça, um dia, a ideia de
comentar o livro mais enigmático da Bíblia e sobre o qual tantos – a perder de
vista – já comentaram.
É verdade que eu pretendia demonstrar pela análise de uns poucos trechos,
que o Apocalipse de João – um livro do qual tantos pregadores se esquivam e os
doutores comentam sempre atentos a alguma corrente doutrinária – não é uma
suposta profecia, e meu plano era fazê-lo no último capítulo de um outro projeto
que eu estava escrevendo há alguns anos. Já avançava eu na execução da segunda
parte desse projeto, destinado a demonstrar que a Bíblia como um todo é
confiável, quando fui tomado de uma estranha compulsão: reestudar o
Apocalipse e comentá-lo de acordo com a minha leitura, ou melhor, o
entendimento com o qual tenho sido imerecidamente felicitado pelo Eterno por
meio do Cristo. Mas por que eu deveria fazer isso, se, conforme aferi ao longo de
mais de 50 anos de estudos da Bíblia, sobre o Apocalipse há uma infinidade de
comentários das mais variadas correntes da cristandade?
Sou um homem de pouca fé e, assim, porque ciente de tantos milagres que já
experimentei, não fiz como Gideão, a questionar YaHWeH e pedir-lhe sinais
antes de atender sua ordem (Juízes 6). No entanto, em sua misericórdia infinita
e silenciosa sutileza Ele despertou em minha mente a lembrança dos anos de
estudo, do exercício da hermenêutica e da prática no escrever, tanto na liça da
ciência do Direito como na pesquisa bíblica. Entendi, então, que tudo fora um
treino para a cruel batalha que enfrentei para desenvolver e concluir estes
comentários. Estou convicto de que sem a ajuda do Eterno, através de Yeshua
(Jesus), eu teria sido destroçado.
Eu precisava de minha pouca fé. Pouca que fosse ou seja, é fé, e como sem fé
é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6), não devia eu duvidar da origem do que estava ocorrendo comigo. Não devia duvidar do entendimento que me
levava a acreditar que o Profeta realmente viu o que disse que viu.
O que o homem, especialmente o de hoje, considera absurdo, é aquilo que a
Bíblia põe diante do crente como objeto da fé, como se depreende da carta aos
Hebreus: “A fé mostra a realidade daquilo que esperamos; ela nos dá convicção
de coisas que não vemos. Pela fé, pessoas em tempos passados obtiveram
aprovação. Pela fé, entendemos que todo o universo foi formado pela palavra de
Deus; assim, o que se vê originou-se daquilo que não se vê.” (11:1-3 – NVT)